sábado, 22 de outubro de 2011

A ultima carta...


E lá estava ela mais uma vez rabiscando em seu caderno algo para escrever ao seu grande amor. Sim, ela o amava. Mesmo que o tenha deixado partir ela ainda o ama. O amor é assim. Quando se ama uma pessoa é capaz de deixá-la apenas para que a mesma tenha uma oportunidade de ser feliz. Felicidade que ela não poderia proporcionar ao seu amado. Seu tempo estava acabando. Esse era o momento. É agora. As lágrimas teimosamente escorriam pela a sua face em sua permissão.
“Maldição!” Ela exclamou em meio ao choro. Mais um papel estava manchado com as suas lágrimas e ela não precisava de mais um motivo. Já bastava a carta com teor de despedida a mesma ainda seria entregue manchada com lágrimas? Não. Ela tinha que ser forte. Tinha que mostrar que estava feliz. Só assim ele também ficaria feliz. A conexão em ambos era tão forte que o sentimento que um sentia o outro sentia na mesma intensidade. E ela não queria ver a dor nos olhos do seu amado. Queria contemplar-lhe com seu belo sorriso. A imagem que ela levaria para todo o sempre.
E voltando ao seu rascunho ela continuou a escrever. Dessa vez sem lágrimas. Mas por dentro a dor estava ainda maior. Queria olhar em seus olhos, sentir o gosto do seu beijo e a maciez de sua pele pela ultima vez. Mas sabia que isso não seria possível. E teria que se contentar com o máximo do que poderia ter. Talvez ele respondesse a carta… Talvez ele viesse vê-la após receber a carta… Talvez ele ainda estivesse machucado e optasse por ler a carta outro dia… Talvez ele não recebesse a carta… Talvez…
“Querido…
Quanto tempo que não nos vemos. Lembra-se de mim? Lembro-me a cada dia mais e mais de você. Por onde quer que eu me vá sinto o teu cheiro. Ouço a tua voz. Mas quando eu te procuro tu lá não estás. Não querido. Não estou louca! Mesmo sabendo que o amor em si é uma loucura. Só loucos agüentam carregar em seu peito esse sentimento tão complexo.
Mas quero saber de você. O que tem feito esse tempo todo? Seguiu com a sua vida como me prometeu em nossa despedida? Já entregastes o teu coração a outro alguém? O meu ainda pertence a você. Estranho não é? Continuar amando-te mesmo com tudo o que aconteceu entre nós. Mas não vamos falar do passado, ok?
O que planeja para o futuro? Espero que você encontre a sua felicidade. Em breve – muito em breve – estarei tendo o encontro com a minha. Obrigada por não questionar meus motivos ante o rompimento, mas saiba, é tudo por você. Eu o amo e não gostaria que sofresse estando ao meu lado. Eu te amo ao ponto de vê-lo partir. Meu coração dói… Palpita… Eu sinto como se a cada segundo fosse o meu ultimo. Não queria dar-lhe adeus, mas foi preciso. Foi necessário.
Espero que um dia possa ser capaz de me perdoar. E nunca duvide disso: Eu te amo eternamente.
Com Amor,
Sua pequena.”
O tempo passou. Esse mesmo rapaz ainda guardava em seu ser fagulhas de ressentimento por tudo que houve entre ele e a sua amada. Em sua concepção ele não via motivos para um rompimento prematuro. Eles estavam felizes… Fazendo planos para o futuro. Mas não houve nada. Tudo se acabou. Acabou o amor. A vontade de viver. Acabou tudo. Sobrou apenas o ressentimento.
A carta de sua amada havia sido entregue a ele a pouco mais de dez dias. Durante esses dias faltava-lhe coragem para abrir a carta e encontrar algo que o machucaria ainda mais. Preferiu esperar… O tempo cura as feridas não é mesmo? Então, quando quão estúpido as feridas em seu peito estiverem cicatrizadas ele leria a carta.
Mas seu mundo pareceu desabar quando recebeu aquela noticia. A partir daquele momento tudo pareceu fazer sentido. Todas as lágrimas derramadas sem motivo pela sua pequena. A sua insegurança nos últimos dias que permaneceram juntos. Como uma peça de quebra cabeças as peças foram se juntando e ele sentiu vontade de chorar ao perceber o quão estúpido fora.
Sentiu ânsia de vômito.
Com as mãos trêmulas e lágrimas que jorravam de seus orbes abriu lentamente a carta. A cada parágrafo que lia sentia uma dor cortante em seu peito. Sentiu vontade de gritar, mas nenhum som escapara de sua boca. Perdendo o equilíbrio em suas pernas ele caiu ajoelhado com a carta em suas mãos.
A sua pequena estava morta. Vítima de uma doença fatal e sem nenhuma esperança de vida. Ela se foi. A carta que ela tão esperava receber em vida jamais chegou. Ele não teve coragem para ler a sua carta. Tão somente guardou. Guardou por tanto tempo, que, quando enfim, teve coragem para responder… Já era tarde demais.  
                                                                       


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